Cocada Escura Caramelizada com Cumaru e Redução de Cajuína Espumante Título: Um Doce Compromisso – Cocada Escura em Homenagem ao “Sim” Repleto de Nãos
Anteontem, eu aprendi com o meu irmão que o "Sim"
no altar, na verdade, é um grande "Não". Vendo meu irmão no altar,
realizando o grande desejo deles (Angélica e Sandro Tavares) ao som de - Diga
SIM pra mim (Isabella Taviani) - ele fez uma leve pausa para dizer o seu Sim.
Durante estes segundos, me passou á mente o meu momento do Sim, onde agora eu
tive a convicção de ter dito, na verdade, NÃO: NÃO à solidão, NÃO à
incompreensão, NÃO ao abandono nas horas difíceis e principalmente, NÃO para a
mínima possibilidade de não participar com a minha cota para aumentar a Família
Tavares.
Estes NÃO's são convergidos para este único SIM, naquele
momento no altar. E naquele momento, cercado pela insegurança do futuro deste
SIM, mas cheio da certeza dos meus NÃO's. Eu disse SIM sem hesitar e graças a
este segundos de suspense apalhaçados do meu irmão, consegui entender a
grandiosidade do meu SIM e refazer meus votos:
Momo, novamente, eu te digo SIM, numa noite de luar ou na
manhã
de um domingo a beira mar e te direi SIM até o fim de nossos
dias.
"Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo a beira mar
Diga sim pra mim
Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim
Ahhh , Sim pra mim...."
Humor: embalsamado pelos meus NÃO's no altar e seguro da
incerteza da minha escolha quando eu disse SIM.
E meu maior presente, foi fazer o primeiro almoço do mais
novo casal Tavares (Angélica e Sandro
Tavares). O menu foi inspirado na cultura da noiva (Aracaju).
Essa cocada escura é mais que um doce: é um símbolo afetivo.
Assim como o “Sim” descrito no texto – que carrega em si múltiplos “Nãos”
conscientes e transformadores – esta cocada escura, densa, flamejante e
reconfortante, representa a renúncia ao amargor da vida solitária, ao mesmo
tempo que abraça o prazer da partilha.
Ao prepará-la como o primeiro doce servido ao casal Tavares, você não ofereceu
apenas um prato: entregou memória, ancestralidade e emoção em forma de sabor.
Porque dizer "Sim" é escolher, também na cozinha, transformar o simples em sagrado.
Ingredientes
(Rende 6 porções)
- 2
xícaras de coco fresco ralado grosso
- 1
xícara de açúcar mascavo
- 1/2
xícara de rapadura ralada
- 100
ml de leite de coco fresco
- 1
colher de sopa de manteiga (preferencialmente manteiga de garrafa
artesanal)
- 1/4
colher de chá de cumaru ralado (semente amazônica com aroma de baunilha e
amêndoas)
- 1
colher de chá de flor de sal (opcional, para acentuar o contraste)
- 1
dose de cachaça envelhecida em barril de amburana (para flambar)
- 200
ml de cajuína espumante reduzida (veja preparo abaixo)
- Raspas
de limão-cravo (para finalizar)
Modo de Preparo
- Redução
de Cajuína Espumante:
Em uma panela pequena, reduza a cajuína espumante em fogo médio até que restem cerca de 3 colheres de sopa de líquido espesso, ligeiramente caramelizado. Reserve. - Preparo
do Caramelo Base:
Em uma panela de fundo grosso, derreta a manteiga e adicione o açúcar mascavo e a rapadura. Mexa lentamente até formar um caramelo escuro e brilhante. - Adição
do Coco e Aromatização:
Adicione o coco ralado ao caramelo e mexa vigorosamente até que fique bem envolvido e a mistura comece a desgrudar do fundo. Em seguida, adicione o leite de coco fresco e deixe cozinhar por mais 5 minutos. - Toque
Amazônico:
Adicione o cumaru ralado (com moderação), a flor de sal e mexa bem. Flambe com a dose de cachaça para intensificar os aromas e caramelizar ainda mais a mistura. - Modelagem:
Com a mistura ainda quente, use duas colheres para moldar porções rústicas sobre papel manteiga untado. Deixe esfriar completamente. - Finalização:
Regue com a redução de cajuína espumante e finalize com raspas de limão-cravo. Sirva em pratos de cerâmica artesanal.
Harmonização Emocional com o Texto
Esta cocada escura representa, em sua dualidade, o mesmo
paradoxo poético vivido no altar: um “Sim” que é, na verdade, um conjunto de
“Nãos”.
O coco – matéria firme, rústica, doce e terrosa – simboliza o acolhimento da
escolha consciente. O açúcar mascavo e a rapadura, escuros e densos, evocam as
raízes e a ancestralidade, como os votos ditos com a memória do passado.
O toque de cumaru é o sussurro dos sentimentos profundos, a cachaça flambada, a
combustão emocional do compromisso. A redução da cajuína – bebida do cotidiano
nordestino – transforma-se em néctar refinado, como a simplicidade da vida
compartilhada que, através do amor, se torna extraordinária.
Harmonização de Bebidas
1. Vinho do Porto Tawny 10 anos:
O perfil adocicado, amadeirado e especiado do Porto se conecta profundamente
com a rapadura e o cumaru.
2. Espumante Moscatel com toque floral:
Refresca o paladar, equilibra o dulçor intenso da cocada e exalta o lado
festivo da união.
3. Cachaça envelhecida em barril de amburana:
Para os mais ousados: harmoniza por similaridade, especialmente com o toque
defumado do caramelo escuro.
Características Nutricionais Gerais do Prato
- Alta
densidade energética: Ideal para ocasiões especiais.
- Fonte
de fibras do coco e minerais (ferro e cálcio) vindos da rapadura.
- Gorduras
boas provenientes da manteiga e do coco.
- Açúcares
naturais não refinados, com menor impacto glicêmico quando comparados
ao açúcar branco.
- Cumaru:
Rico em antioxidantes, usado com moderação.
Técnicas Francesas Utilizadas
- Caramélisation
(Caramelização):
Utilizada na base da cocada para obter cor, textura e sabor profundo. - Flambage
(Flambar):
Técnica de flambagem com cachaça para acentuar aromas e criar camadas sensoriais. - Réduction
(Redução):
A cajuína é reduzida como em molhos franceses, conferindo densidade e brilho ao prato. - Mise
en Place:
Planejamento e precisão na execução, essencial para evitar que o caramelo queime.
Aplicação das Técnicas na Receita
A base caramelizada feita com açúcar mascavo e rapadura se
beneficia da caramélisation lenta, elevando o sabor terroso e profundo.
A flambage com cachaça traz complexidade aromática e dá corpo à cocada.
A réduction da cajuína permite transformar um ingrediente regional
simples em uma finalização digna da alta confeitaria. Todas essas técnicas são
aplicadas de forma respeitosa à cultura nordestina, elevando-a sem
descaracterizá-la.
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